Estrutura sobre Confinamento

Estrutura sobre Confinamento

 

O período seco do ano está aí, e com ele, temos o aumento de um perfil de criação que vem a alguns anos crescendo em grande escala no país, o confinamento, que a alguns anos atrás era utilizado apenas como estratégia de entressafra, e uma forma de rentabilização das fazendas, pois no período seco do ano se tinha uma escassez de animais para abate, agora de deixou de ser uma forma de “salvar” o animais e agora se aproxima aos modelos americanos e australianos, países referência nesse perfil de criação no mundo.
Segundo dados da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) o Brasil abate cerca de 39,1 milhões de animais e confina 15,4% ou 6,02 milhões de cabeças, dentro de um rebanho nacional de 196,4 milhões de bovinos, com uma taxa de desfrute de 19,9%, tornando o confinamento uma atividade extremamente importante e estratégica na pecuária brasileira.
Mas como toda atividade o confinamento tem suas peculiaridades, e para se ter sucesso na operação, é necessário uma ótima execução, sendo o período de adaptação o mais importante e relevante para obtenção de sucesso e garantia de lucratividade.
Nessa fase temos que “acostumar” o animal a reduzir o volume alimentar, mas com uma altíssima densidade energética (por isso o nome concentrado em rações), e devido a isso temos que observar três pontos principais de adaptação, sendo:

Adaptação Anatômica; Adaptação Comportamental; Adaptação Biológica;

Adaptação Anatômica: Com a mudança no perfil da dieta e incremento nutricional temos uma mudança na flora bacteriana (falaremos mais a seguir), que consequentemente muda perfil e produção de ácidos graxos, sendo a mudança mais significativa, no aumento da proporção do propionato, e redução na proporção de acetato, ocasionando queda nas concentrações de pH ruminal, e para que esses ácidos graxos sejam melhor absorvidos, o organismo do animal faz uma mudança anatômica essencial para absorver esses nutrientes, o aumento do tamanho das papilas ruminais, aumentando assim a área de contato do MAT ruminal com a mucosa do órgão. Também com essas mudanças, há a redução do volume do rúmen, com diminuição da pressão intra-ruminal afetando o comportamento do animal, e interferindo na adaptação comportamental descrita a seguir.

Adaptação Comportamental: Como descrito, essa redução causa uma diminuição no volume alimentar pelo animal, mas não quer dizer que o alimento tem menos nutrientes, pelo contrário, a concentração é bem maior e com sérios riscos, caso o animal tenha um desbalanço entre bactérias e substrato. Para que o animal consiga adaptar seu comportamento junto com a mudança alimentar, e controlar sua resposta fisiológica de saciedade por ocupação do rúmen, fazemos um controle de fornecimento gradual e crescente semelhante a uma escada, comparando cada degrau a densidade energética alimentar, onde cada degrau subido, é um volume maior de energia fornecido, e junto a isso o animal entende que a redução de volume alimentar não necessariamente quer dizer a redução da qualidade nutricional.

Adaptação Biológica: Não menos importante que as demais adaptações anteriores, e principalmente devido às mudanças biológicas ocorrem as mudanças anatômicas e comportamentais. Como o ruminante é um animal considerado uma “câmara fermentativa” e boa parte dessa digestão é resultado de ação da fermentação de microorganismos específicos em cada perfil de substrato, animais em regime de pasto têm um perfil de bactéria em atuação ótima em pH entre 6,5 e 7,2; enquanto animais confinados pH entre 5,5 e 6,4. Essa mudança de alcalino e levemente ácido parece ser de apenas alguns pontos, mas uma mudança brusca, ou queda repentina, pode ocorrer uma perda generalizada e desbalanço de flora bacteriana, que podem causar grandes prejuízos para o hospedeiro, o animal, causando timpanismos, acidoses, ruminites, distúrbios metabólicos e posteriormente a morte.

Como mudança dessa flora e redução de pH temos como principal características, a mudança e aumento na população bacteriana, que aumenta a capacidade de fermentação do alimento e liberando uma maior quantidade de ácido propiônico, o grande responsável pelo aumento de produtividade na pecuária, onde maior sua produção e proporção, menor serão as perdas e maiores os desempenhos dos animais.

Então concluímos que um período bem feito de adaptação em confinamento ou terminação intensiva a pasto forma melhor uma estrutura ruminal e comportamental do animal ao desafio de um regime de engorda intensiva, fazendo com que as mudanças graduais e progressivas, consigam habituar o animal a uma maior carga energética via alimento, de forma natural, saudável, rentável e lucrativa.

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